Um Drink lá no Inferno

Desembarco na estação de metrô . Naquela grande praça onde morrem os sonhos popularmente conhecida como Vale do Anhangabaú , caminho olhando para baixo desviando das pessoas que dormem sob suas calçadas e gramados ralos com receio de pisar sobre elas e as acordarem para o pesadelo , corto por entre os prédios e chego nos pés da boca do lixo onde uma velha senhora escorada nas decadentes paredes de casarões antigos , com suas roupas pouco adequadas para olhares moralistas me sorri enquanto sopra bolhas de fumaça ao ar . Augusta é o nome dela , sei disso porque a conheço há anos e sempre me pego encantado pela sua sutileza e sentimentalismo que ela tenta omitir para que não sejam desmascaradas suas fraquezas. Continuo meu rumo enquanto aquele grande horizonte cinza vai ganhando vida nas fachadas com seus azuis , vermelhos e rosas gritantes brilhando nos letreiros de neon , muitos já desgastados pelo tempo que deixam sua experiencia visível nas letras que já se apagaram . Nada de olhar para os lados ou pensar para trás , as pilhas de historias mal acabadas continuam se acumulando enquanto aquela fina chuva desfila sua graça e morre dançando enquanto toca minha pele. Nesse momento eu abaixo o capuz , subo o som nos fones de ouvido e digo pra mim mesmo : Bem Vindo Diego , você está em São Paulo !