Gosto das noites de outono em que a cidade ganha uma densa camada de neblina que vai se instalando aos poucos entre as casas e edifícios transformando a devassidão cinza com seu ar sombrio , é o auge da metrópole dos invisíveis , ninguém enxerga ninguém embora todos queiram ser notados. Os olhares penetrantes se perdem e as ruas só são encaradas por velhos conhecidos , mendigos , prostitutas , drogados e todo o submundo que faz a merda da noite acontecer. São milhares de historias que vão se empilhando como vasilhames vazios em botecos empoeirados, são doses fatais de sentimentos de quem nasceu condenado a ser privado dos mesmos e somente a raiva e o ódio lhe são permitidos , Talvez ou muito possivelmente eu seja um desses , cansei de todo esse papo pacifista de que o amor vence a guerra ,a lei do cão já se instalou e o velho slogan de salve as criancinhas agora subliminarmente é encarado como salvem-nos das criancinhas, de repente todo filho da puta decidiu que tem que ser alguém independente das consequências e o esporte favorito virou foder com a vida dos outros. tenho dó de quem ainda mantêm esperanças, que vislumbra o gramado ralo onde seus filhos irão crescer em segurança e ele vai se ver estampado em algum comercial de margarina, os gramados ralos antes de serem cultivados são banhados em sangue, existe um bordão circense que afirma que o maior prazer do palhaço é ver o circo pegar fogo , nessa selva de pedra quem tem maquiagem e fantasia é rei !