Gosto das noites de outono em que a cidade ganha uma densa camada de neblina que vai se instalando aos poucos entre as casas e edifícios transformando a devassidão cinza com seu ar sombrio , é o auge da metrópole dos invisíveis , ninguém enxerga ninguém embora todos queiram ser notados. Os olhares penetrantes se perdem e as ruas só são encaradas por velhos conhecidos , mendigos , prostitutas , drogados e todo o submundo que faz a merda da noite acontecer. São milhares de historias que vão se empilhando como vasilhames vazios em botecos empoeirados, são doses fatais de sentimentos de quem nasceu condenado a ser privado dos mesmos e somente a raiva e o ódio lhe são permitidos , Talvez ou muito possivelmente eu seja um desses , cansei de todo esse papo pacifista de que o amor vence a guerra ,a lei do cão já se instalou e o velho slogan de salve as criancinhas agora subliminarmente é encarado como salvem-nos das criancinhas, de repente todo filho da puta decidiu que tem que ser alguém independente das consequências e o esporte favorito virou foder com a vida dos outros. tenho dó de quem ainda mantêm esperanças, que vislumbra o gramado ralo onde seus filhos irão crescer em segurança e ele vai se ver estampado em algum comercial de margarina, os gramados ralos antes de serem cultivados são banhados em sangue, existe um bordão circense que afirma que o maior prazer do palhaço é ver o circo pegar fogo , nessa selva de pedra quem tem maquiagem e fantasia é rei !

Meu ensaio sobre a Loucura

Eis que sou,por natureza talvez,o reflexo distorcido do que a tristeza tem de mais insano. Ensaiando a loucura buscando por uma vida a felicidade, posso pensar ,refletir,dialogar,porém só vivendo a sinto próxima .
Sou de gêmeos siamêses e me viro para dar face a ela. Por ela me entrego a passagens sombrias e amores pré-datados, desfaço nós que se amarrariam a mim ate a alcova.
Eh fúnebre e renascente irradiando seu ar na ausência não deixando surpreenderme senão por olhares distantes. Assim esgoto os dias como suspiros ao leito e complacente com a ambiguidade vou pelas trilhas de folhas secas ensaiando a loucura

Assim caminha ...


Lá esta o copo com água pela metade , o maço de Hollywood preto todo amassado e parcialmente consumido, o cinzeiro a janela fechada pra que nenhum vestígio da luz solar arrebente nos olho como quem esfregue a tua cara com falsas promessas de felicidade carregadas de moralismo com prazo de validade o quão covarde e derrotado , submisso filho de uma puta num emprego de merda onde todos fodem teu rabo diariamente e no máximo você tenta questionar, mas é o sistema, o tão falado círculo vicioso, você que da a foda mas na hora de esporra o prazer é de quem assistes. Enfim o ultimo e não menos importante dos artigos de luxo no criado mudo, dezenas de cores , as azuis e amarelas, as vermelhas, vermelhas e azuis , sedutoras como chicletes e balas açucaradas , a beleza do
fim vem em pílulas e são amplamente receitadas, o doce dos doutores contra o estopim da loucura , o orgasmo sem trepada , o beijo solitário da jornada , a borracha e o foda-se pro mundo , ilustrar a vida vadia que vivemos num pais escroto que nos rouba, com pessoas amargas e traiçoeiras tão vagabundas e ordinárias que os dois ou três que sobram não tem fôlego na decisão final. O cigarro queima e você se delicia com a imagem de que agora chegou sua vez de governar, de por a cachorra pra chupar e gozar na cara dela, tudo vai escurecendo aos poucos enquanto você escolhe sua trilha sonora, simpathy for the devil, então eis que surge seu ultimo ato , todo mundo de quatro e você com o pau em riste pronto pra melhor foda da sua vida! Eu jamais te julgarei e juro por todos que perdi que tento entender, eu juro... eu sempre tento...ADEUS.

Essa é do Bukowski

Nunca me senti só. Gosto de estar comigo mesmo. Sou a melhor forma de entretenimento que posso encontrar.
Não, eu não odeio as pessoas. Só prefiro quando elas não estão por perto.

( Velho Buk )
Somos hóspedes de uma brecha do tempo
dilacerante como a vida que valsa,
perdido como a fé que se esfarela
onde todos os santos saboreiam o pecado
e os sussurros , são as vozes do silêncio.

. . .

Crie uma personalidade, Um caráter , uma ideologia ; Construa sucesso adquirindo bens materiais ;arquitete um plano ; de uma trepada, beije ; dirija um carro do ano ; escreva um livro ,coma alguém fora do seu casamento ; alimente seu cachorro , bata e apanhe , beba o melhor whisky ; caia ; se machuque ; improvise . feito tudo isso junte as tralhas e as memórias e destrua tudo.
Pronto agora você vai viver de verdade !

... Epitáfio !

Das coisas que não vi
foi o vento que passou em vão,
correu pelos arbustos e fixou:
Podadas foram as mudas.
Os sonhos jamais existiram.
Cachorros não se poem a sonhar,
a lama doce que amarga a vida
se vai como se vão todos os beijos.
O rascunho encerrou seu ciclo.
Deslize saliva pelo solo, e
no suspiro vago que acalanta
os corpos dormentes deita-se
consigo no aconchego a ampulheta.